segunda-feira, 16 de maio de 2011

A REBIMBOCA DA PARAFUSETA

A REBIMBOCA DA PARAFUSETA
Sérgio Bezerra
13 de Maio de 2011


De antemão, afirmo que só os conheço de vista e não tenho procuração para defendê-los, mas me recuso a pecar por omissão se não registrar, nesta página virtual, a visão de futuro demonstrada pela gestão da cidade de Sumé, capitaneada por Dr. Neto e Éden Duarte.

Recordo de antemão, que o reitor Thompson Mariz, da UFCG, demonstrou real interesse na instalação dos cursos de direito e música na cidade de Monteiro, como uma extensão do Campus do Cariri – que está em Sumé e foi fruto da união e persistência do povo sumeense quando da luta pela instalação do campus, lição que não foi assimilada por algumas cidades da região.

Pois bem, seria de suma importância para o desenvolvimento de Monteiro, em todos os sentidos, que esses dois cursos viessem para cá. Todavia, publicamente não foi registrada nenhuma audiência ou ação da administração municipal para a concretização do projeto. Registre-se que a cidade de Serra Branca trabalha diuturnamente nesse intento.

Nota-se ainda que, a principio, a unidade do Senai que vai ser instalada em Sumé viria para Monteiro. Mas a inépcia monteirense, somada aos esforços da incansável administração municipal da terra do professor José Gonçalves de Queiroz, pesou na escolha.

O 11º Batalhão da Policia Militar em Monteiro só chegou o nome, a estrutura, deve ta vindo no “Caminhão de Pierre”, por enquanto, de concreto, só o Centro de Formação de Praças da Policia Militar da Paraíba, que, aliás, adivinhem em qual cidade vai funcionar? Neste ínterim, fonte fidedigna, informa que a dupla dinâmica trabalha incansavelmente, na surdina, para levar de “mala e cuia” o 11º Batalhão para Sumé.

Igualmente, a luta da gestão sumeense mira-se também na instalação da gerência do IBGE na cidade – que, por sinal, anda bem encaminhada. Deste modo, em passos largos, graças à dinâmica e futurísticas visão da administração municipal, que executa o básico sem descuidar do amanhã, a cidade caminha para se tornar a mais importante do Cariri.

Enquanto isso, em Monteiro a briga é para quem vai assumir a gerência regional da rebimboca da parafuseta.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Fernando Pessoa e seus heterônimos

O Livro do Desassossego, de Bernardo Soares(heterônimo de Fernando Pessoa

“A vida é para nós o que concebemos nela. Para o rústico cujo campo próprio lhe é tudo, esse campo é um império. Para o César cujo império lhe ainda é pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas vêem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida.
Isto não vem a propósito de nada.
Tenho sonhado muito. Estou cansado de ter sonhado, porém não cansado de sonhar. De sonhar ninguém se cansa, porque sonhar é esquecer, e esquecer não pesa e é um sono sem sonhos em que estamos despertos. Em sonhos consegui tudo. Também tenho despertado, mas que importa? Quantos Césares fui! E os gloriosos, que mesquinhos! César, salvo da morte pela generosidade de um pirata, manda crucificar esse pirata logo que, procurando-o bem, o consegue prender. Napoleão, fazendo seu testamento em Santa Helena, deixa um legado a um facínora que tentara assinar a Wellington. Ó grandezas iguais à da alma da vizinha vesga! Ó grandes homens da cozinheira de outro mundo! Quantos Césares fui, e sonho todavia ser.
Quantos Césares fui, mas não dos reais. Fui verdadeiramente imperial enquanto sonhei, e por isso nunca fui nada. Os meus exércitos foram derrotados, mas a derrota foi fofa, e ninguém morreu. Não perdi bandeiras. Não sonhei até ao ponto do exército, onde elas aparecessem ao meu olhar em cujo sonho há esquina. Quantos Césares fui, aqui mesmo, na Rua dos Douradores. E os Césares que fui vivem ainda na minha imaginação; mas os Césares que foram estão mortos, e a Rua dos Douradores, isto é, a Realidade, não os pode conhecer.
Atiro com a caixa de fósforos, que está vazia, para o abismo que a rua é para além do parapeito da minha janela alta sem sacada. Ergo-me na cadeira e escuto. Nitidamente, como se significasse qualquer coisa, a caixa de fósforos vazia soa na rua que se me declara deserta. Não há mais som nenhum, salvo os da cidade inteira. Sim, os da cidade dum domingo inteiro – tantos, sem se entenderem, e todos certos.
Quão pouco, no mundo real, forma o suporte das melhores meditações. O ter chegado tarde para almoçar, o terem-se acabado os fósforos, o ter eu atirado, individualmente, a caixa para a rua, mal disposto por ter comido fora de horas, ser domingo a promessa aérea de um poente mau, o não ser ninguém no mundo, e toda a metafísica.
Mas quantos Césares fui!”
(27/06/1930; em “Livro do Desassossego”)